quarta-feira, 6 de junho de 2012

A origem de Corpus Christi

Qual o sentido da adoração eucarística?
A Igreja Católica sempre conservou como tesouro preciosíssimo o mistério da fé presente no dom da Eucaristia. Ao longo da história exprimiu a fé eucarística não só através de uma atitude interior de devoção, mas também mediante várias expressões exteriores. Disto surge a devoção eucarística, explicitada na adoração ao Santíssimo Sacramento (na vigília da Sexta-feira Santa e, sobretudo, na Solenidade de Corpus Christi).

Origem do Corpus Christi
A origem desta solenidade começa quando a Ir. Juliana de Mont Cornillon teve visões de Cristo demonstrando o desejo de que o mistério da Eucaristia fosse celebrado com maior destaque. Após apurada investigação das visões, estas foram acolhidas e oficializadas. Outro milagre eucarístico ocorreu durante uma missa, quando o Pe. Pietro de Praga duvidou da presença real de Cristo; imediatamente todos viram brotar sangue da hóstia consagrada por ele. Esta hóstia consagrada foi levada a Oviedo, na Espanha, em grande procissão, sendo recebida solenemente pelo Papa Urbano IV e levada para a Catedral de Santa Prisca. Esta foi a primeira procissão do Corpo Eucarístico. Dentro deste contexto, o Papa Urbano IV instituiu a Festa de Corpus Christi em 11 de agosto de 1264, para ser celebrada na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade.



Os frutos da devoção eucarística
A exposição da Eucaristia é ao mesmo tempo uma proclamação pública da presença real de Cristo nas espécies do pão e do vinho, bem como uma devoção revelada por Deus e ensinada pela Igreja. Esta prática é edificante para os fiéis, conduzindo-os à comunhão mais perfeita com Deus e ao testemunho social. São notáveis os frutos da piedade eucarística. Todos os fiéis (comungantes ou não) que se aproximam da Eucaristia recebem graças para dominar a concupiscência, lavar as culpas leves cotidianas e prevenir as faltas graves.

Na presença da Eucaristia reconhecemos que Jesus Cristo é Emanuel (Deus-conosco). Não só durante a missa, mas também depois, quando a Eucaristia é conservada no sacrário ou exposta à adoração. Ali o Senhor permanece no meio de nós, habita conosco, ouve pacientemente nossas orações, consola os aflitos, educa os costumes, alimenta as virtudes, fortifica os fracos e cura as feridas da alma.

Na oração diante do Santíssimo Sacramento os fiéis abrem o coração e pedem por si e por suas famílias, rogam pela paz e salvação do mundo. Oferecem com Cristo sua vida ao Pai no Espírito Santo, e recebem o aumento da fé, esperança e caridade. Assim fomentam as disposições devidas que lhes permitem celebrar com devoção o Memorial do Senhor (missa).

O que ensina a Igreja?
O fim primeiro e primordial da eucaristia fora da missa é a administração do viático (aos enfermos acamados). Como fim secundário estão a distribuição da comunhão fora da missa e a adoração de Jesus Cristo, velado sobre as mesmas espécies (Eucharisticum Misterium 49).

A Eucharisticum Mysterium ensina que todo culto de adoração eucarística deve manifestar sua relação com a missa, portanto não deve ser um ato isolado, fora de contexto litúrgico. Algumas práticas ambíguas e abusivas, por melhor intenção que se tenha, devem ser evitadas porque não harmonizam com o caráter próprio da devoção eucarística. A liturgia nunca é propriedade privada de alguém, nem do presidente da celebração, nem da comunidade onde é celebrada, e nem do pregador/condutor.

É importante que os fiéis que adoram a Cristo presente na Hóstia Sagrada sejam instruídos que esta presença real provem do sacrifício na missa e se ordena à comunhão com todas as outras dimensões eucarísticas (comunitária, social, sacrificial). Exorta ainda que está proibida a celebração da missa diante do Santíssimo exposto, para evitar ambiguidade e confusão na fé. O documento ressalta a dimensão comunitária, celebrativa e originária da eucaristia na missa, porque Cristo instituiu a eucaristia numa refeição, antes de tudo, para que fosse nosso alimento, consolo e remédio.

As procissões com a Eucaristia são um testemunho público de fé e piedade a Jesus Cristo Eucarístico. Mas, nosso amor pela Eucaristia não se comprova na hora das procissões: comprova-se na hora do Banquete Eucarístico (missa). Quando cumprimos o mandato: “Fazei isto em memória de mim”, nós atualizamos nosso compromisso de amar como Ele amou. A participação ativa e consciente na Santa Missa frutifica em bênçãos ao fiel, e este, por sua vez, compromete-se a ser uma bênção de Deus no mundo e para o mundo. As procissões manifestam valor quando testemunham a nossa comum união, seja na Igreja ou nos desafios vividos na família, no trabalho, na escola entre outros.

O compromisso social
A piedade que impulsiona os fiéis a adorarem o Cristo Eucarístico os leva também a promover a presença Dele nos desvalidos: “Tudo o que fizerdes a um destes pequeninos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40). Os verdadeiros adoradores (Jo 4) são aqueles que (re)conhecem o Cristo nos pobres: preocupam-se em ter um templo bonito, mas também que os pobres tenham moradia digna; que o altar tenha uma linda toalha e o ostensório seja grande e brilhante, mas que todos tenham agasalhos no inverno; pessoas que se alimentam do Corpo e do Sangue em todas as missas, mas também preocupam-se em dar de comer a quem tem fome; são aqueles que passam horas diante do Santíssimo, mas também são capazes de passar alguns minutos com os enfermos.

O adorador eucarístico é um promotor da vida! Santo Agostinho fala de um amor “social” (Comen. Psl 98), que nos leva a antepor o bem comum ao bem particular, a fazer nossa a causa da comunidade, da paróquia e da Igreja universal, e a dilatarmos este amor a Cristo até abraçarmos o mundo inteiro, pois em toda parte há membros de Cristo (Mysterium Fidei 71).

A Igreja, Mãe misericordiosa, ensina que mesmo os fiéis que estão canonicamente impossibilitados de comungar sacramentalmente, não estão isentos da graça de Deus. O Guia Litúrgico-pastoral da CNBB n.9 orienta que: “Não podendo vivenciar e assimilar, no contexto da celebração, todos os aspectos da Ceia do Senhor, quem se coloca em oração silenciosa diante da Eucaristia retome as diversas partes da ação litúrgica, por exemplo, o prefácio, a oração eucarística, a oração do dia ou a oração após a comunhão, as leituras proclamadas na liturgia da Palavra.

Ou então, repetir no silêncio do coração: ‘Eis o mistério da fé’; ‘Felizes os convidados para a Ceia do Senhor’; ‘Ele está no meio de nós!’; ‘Demos graças ao Senhor nosso Deus!’ e outras expressões ou aclamações próprias da celebração eucarística.”

Só é possível amar o que conhecemos. É necessário conhecer sempre mais o valor e a adoração para participar dela com mais consciência, e assim, colher as graças que de Cristo provém. Bom encontro com Deus!


Padre Fernando Garcia (fernandoteos@hotmail.com)
Paróquia Nossa Senhora de Fátima - Marialva – Arquidiocese de Maringá-PR

Fonte: Site da Arquidiocese de Maringá

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