“Quando fomos investigados, a Polícia
Federal me parou e perguntava sobre socialismo. Eu dizia: se querem falar de
socialismo, vamos falar de socialização. Se não se socializa a terra do
campo e a terra urbana. A saúde, a educação, a comunicação… Se não se socializa
esses bens essenciais… Não haverá paz.”, sinalizou o bispo para quem “toda a
verdadeira política se devia dedicar a humanizar a humanidade.”
A voz é
baixa, o corpo já não permite lutar no front, mas a lucidez do catalão D. Pedro
Maria Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, é capaz
de constranger. Por várias vezes quase assassinado, devido à sua opção
pela defesa dos pequenos e o conflito com os grandes, D. Pedro ainda recebe
ameaças.
O QTMD?
viajou ao Araguaia para ver e ouvir de perto um pouco da história deste
homem que optou por viver “descalço sobre a
terra vermelha”. “’Descalço’ quer dizer sem consumismo. ‘Sobre a
terra vermelha’. Uma terra ensopada de suor,… Mas também ensopada de sangue”,
definiu Casaldáliga.
Para ele,
todos os partidos e governos têm três dividas com o povo: A da
Reforma Agrária – reforma que “não há, não há, não há…”, a da Causa Indígena –
“os índios sobram frente ao agronegócio” – e a dos Pequenos Projetos – “a
obsessão pelos grandes projetos é marca do governo atual”.
O bispo,
que enfrentou a repressão do regime militar, lembrou que “Jesus enfrentou as
forças do Império Romano”, e falou sobre Comissão da Verdade, lamentando a
falta de punição aos torturadores: “A memória histórica tem que servir de
lição”, sublinhou.
Recebido por tochas
“Eu
cheguei em 1968 ao Rio de Janeiro (onde ficou cerca de 4 meses). Saímos de
Madrid a 11 graus abaixo de zero e chegamos ao Rio de Janeiro a 38. Tinha
aquelas tochas do aeroporto para a cidade. Umas tochas acesas… Eu ainda estou
vendo… Aquele calor, com aquelas tochas… Passamos uma noite sem dormir.”
“Há muitos Brasis”
“E depois,
em Petrópolis, eu fiz um curso que tem a Igreja Católica no Brasil para
missionários que vêm de fora. Para estudar a língua e ter uma noção de história
do país. Da Igreja no país. E foi providencial. Porque, na época da ditadura
militar, se tivéssemos chegado diretamente, da maneira como nós chegamos
(foto), para São Félix do Araguaia… Nós estaríamos perdidos. Completamente
despistados, sem saber da situação verdadeira… As causas da situação. As
migrações: por que motivo? A história do país. Que há muitos Brasis…”.
Sete dias de caminhão
“Foram
quase sete dias de caminhão de São Paulo até aqui (São Félix do Araguaia).
Porque a estrada estava se abrindo, não tinha estrada. As pontes eram pequenas.
Tinha muitos córregos… Agora, quando se faz o caminho de Barra do Garças para
cá, não se tem nem idéia de como era a região.”
“Cadê a mata do posto?”
“Está tudo
desmatado. Os córregos todos profanados, alguns deles secos já perderam toda a
vitalidade. Tinha mata… Se fala do Posto da Mata… Cadê a mata do posto?”
“Terra de ninguém”
D. Pedro
Casaldáliga chegou ao Brasil em janeiro de 68, portanto antes do AI-5 (que foi
em dezembro do mesmo ano), mas garante: “já era clima de ditadura tensa”. E São
Félix do Araguaia era, segundo ele, “um lugar onde o Estado não estava
presente. Terra de ninguém.”
“Conflito com a política oficial”
D. Pedro
lembra que, em 68, “começavam a vir as grandes fazendas com os incentivos
fiscais da SUDAM.” E prossegue: “Automaticamente, para nós, a convivência com
os pobres, pelo povo e pelos pequenos, significava entrar em conflito com o
latifúndio. Entrar em conflito com a política oficial.”
“Estavam de um lado os índios, os posseiros,
os peões… Do outro, os fazendeiros, a polícia, o Exército, o governo, o Estado…
Logo, quase bem do início, já percebemos que a luta seria essa. Se nos
posicionávamos do lado do povo, entrávamos em conflito com a política oficial.”
A guerrilha
“Aqui não teve guerrilha. A
guerrilha foi no sul do Pará e no norte de Goiás. Só que para a repressão nós
éramos guerrilha. Porque não conseguiam entender que uns estrangeiros se
enfronhassem nesse mundo onde não tinha comunicação de jeito nenhum.
Infraestrutura nenhuma… E rapazes novos que deixassem os estudos, o emprego e
viessem para cá para não ganhar nada praticamente, só podiam ser guerrilheiros
ou respaldo da guerrilha. Por isso, tivemos a repressão em cima… Sempre.”
“Diálogo de surdos”
“Foram
presos muitos agentes de pastoral. Torturados. As presidências da CNBB foram
muito solidárias conosco. E tivemos possibilidade de discutir com as
autoridades por esse respaldo da CNBB. Só que era um diálogo de surdos.”
“Veio, em
1972, o ministro da Justiça da época. (Alfredo) Buzaid, ministro da Justiça
(governo Médici). Estive com ele. Discutimos… Ele prometia o que não queria
dar. Se impressionou no máximo pelo início da Reforma Agrária. Pelos sucessos
de Santa Terezinha dentro da região.”
“Um grito!”
“E no dia da minha
sagração (foto), lançamos uma carta pastoral. “Uma igreja da Amazônia
em conflito com o latifúndio e a marginalização social.” E foi um
grito! Porque escrevíamos dando nomes aos bois… Isso provocou mais presença da
repressão.”
“Ação Cívica e Social do Exército”
“Nós
tivemos aqui na região quatro operações da ACISO. “Ação Cívica e Social do
Exército.” Que vinha para esses interiores arrancar dentes e consultar… Vinham
de fato inspecionar. Porque abrangia a área estrita da Prelazia.”
“Vasculhavam
as nossas casas… Exigiam a prisão… Levavam os agentes de pastoral presos e
torturados para o Quartel do Exército de Campo Grande. Porque tudo era
suspeito… Havia um clima de terror nessas regiões todas.”
“O povo foi torturado como cúmplice”
“Muitos
anos depois, o povo se sentia livre para agir, para conversar. Em certas
celebrações que tivemos, ainda havia uma reticência. Porque, além dos
guerrilheiros que foram mortos, o povo foi torturado, maltratado como cúmplice…
Os guerrilheiros tinham criado amizades, alguns eram médicos, professores.”
“Os índios sobram frente ao agronegócio”
Quanto aos
índios, “já era uma atitude que continuava a política toda da colonização… Os
índios sobravam. E estamos no mesmo problema… Sobram frente ao agronegócio.
Porque a política indígena, a cosmovisão indígena, a cultura indígena, a
economia indígena… É contrária à política e à economia do agronegócio. Por
isso, eu dizia que tivemos problema na defesa desses três grupos de pessoas Os
povos indígenas, os posseiros e os peões.”
“O problema é ter medo do medo”
“Detectamos
o trabalho escravo. E o denunciamos… Foi aqui onde primeiro se denunciou o
trabalho escravo.” Perguntado se em algum momento teve medo de morrer, o bispo
do Araguaia não hesitou:
“Vários!
Ainda agora, por exemplo… Essa situação dos intrusos, os que comandam a
intrusão (de terras indígenas, clique aqui para
conferir reportagem do QTMD? sobre o assunto). Acham que a culpa principal é minha
por eu ter defendido esses índios.”
“Mas (na
ditadura) éramos todos ameaçados… Eu tenho uma significação por ser bispo.
Lógico… Eu digo sempre que o problema não é ter medo… O problema é ter medo do
medo, (porque o medo) é uma reação defensiva.”
A morte do padre Burnier
Casaldáliga
e o padre João Bosco Burnier, assassinado por um policial, estavam numa
delegacia para defender mulheres torturadas. Uma delas é a que aparece na foto
ao lado, observada por Casaldáliga, de óculos. Aquela foi uma das quatro
ocasiões em que o bispo foi quase expulso do Brasil.
“O povo de
Ribeirão Cascalheira derrubou a cadeia e a delegacia. Disseram que eu estava
comandando esta derrubada da cadeia… Cadeia funcionando… E que podiam pedir a
minha expulsão. Eu precisamente tinha saído rapidamente a Goiânia levando a
denúncia da morte do Padre João Bosco (Burnier) e eu já não estava (em São
Félix).”
As três dívidas dos governos
com o povo
“Não há… Não há… Não há Reforma Agrária.”,
enfatiza Dom Pedro Casaldáliga. “A Reforma Agrária supõe Reforma Agrícola
também. Uma política a favor da Agricultura Familiar. Um acompanhamento dos
assentamentos. Se tem feito alguns acordos… Mas não entram no que eu digo…”
“Eu digo
que esses partidos, esses governos todos têm três dívidas: a da Reforma
Agrária; a da Causa Indígena; e a dos Pequenos Projetos. De Agricultura
Familiar, de Mini-Empresas… Têm essa dívida.”
“E com o
capitalismo neoliberal… Com a política da exportação… Se confirma que esses
países da América Latina e o Brasil, particularmente… Estão destinados a serem
exportadores de matéria prima. É ma política contrária completamente às
necessidades do povo.”
“O povo
tenta fazer (a Reforma Agrária)… O MST e outras forças populares tentam gestos
da Reforma Agrária. Mas a política oficial não é da Reforma Agrária.
Insistindo: o que se pede é uma Reforma Agrária que seja uma Reforma Agrícola
também. Porque terra é mais do que terra! Para o índio, sobretudo, é o
habitat.”
“O bispo Pedro é comunista”
“Nós
éramos comunistas, aqui na região, na Prelazia. E se deram casos pitorescos.
Numa ocasião (na ditadura militar), a polícia lá em Santa Terezinha dizendo
que: “O bispo Pedro é comunista”! Um dos camponeses falou: ‘Eu não sei o que é
comunista. Agora, se comunista é ser da comunidade, trabalhar para a
comunidade, o bispo Pedro é comunista’”.
“Os primeiros socialistas se inspiraram no Evangelho”
“No
problema da justiça e da igualdade, estamos na mesma. Por motivos filosóficos,
históricos e de fé… Também se diz: “Estamos no mesmo barco.” E, em certa medida,
é verdade. Estamos no mesmo barco, mesmo que nós acrescentemos o motivo da fé.
A procura da justiça social, da fraternidade universal… Os primeiros
socialistas se inspiraram no Evangelho.”
“Dialético, marxista, humano”
“Por outra
parte, se critica a Teologia da Libertação de ser marxista. Não é marxista.
Porque existem categorias que são comuns… Dizer que os ricos cada vez mais
ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres… Isso é dialético! É marxista! É
humano! Uma consideração humana da realidade dá esse resultado: que os ricos
são cada vez mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres.”
Socialização: a prerrogativa para a paz
“Quando
fomos investigados aqui (na ditadura militar)… A Polícia Federal me parou e
perguntava sobre socialismo. Eu dizia: se querem falar de socialismo, vamos
falar de socialização. Se não se socializa a terra… A terra do campo e a terra
urbana. A saúde, a educação, a comunicação… Se não se socializa esses bens
maiores, essenciais… Não haverá paz.”
“Como Jesus optou…”
“Há um
passado, um presente e um futuro (para a Teologia da Libertação). E, em todo
caso, toda verdadeira teologia tem de ser Teologia da Libertação. A teologia
cristã tem que optar pela igualdade fraterna da humanidade. Tem que optar pelos
pobres, pelos pequenos, pelos marginalizados. Como Jesus optou.”
“Enfrentando,
se preciso, as forças do poder. Como Jesus enfrentou as forças do Império
Romano. As forças de uma religião utilizada… As forças do latifúndio na
Palestina. Então… Um cristão que queira ser cristão de verdade tem que fazer
essas opções. Isso chamamos de Teologia da Libertação.”
“A memória histórica tem que servir de lição.”
D. Pedro
Casaldáliga concorda que se investiguem as violações dos direitos humanos que
tenham ocorrido entre 1946 e 1988, como está fazendo a Comissão da Verdade. “Eu
acho que é bom que se abranja também essa outra área.”
“Porque o
perigo de torturar fisicamente e psicologicamente está nas mãos de todos os
governos que sejam mais ou menos ditatoriais. A ditadura foi o momento alto
dessa repressão… Desse abuso de poder. Mas devemos prevenir para qualquer outro
momento.”
O bispo,
porém, discorda da falta de punição aos torturadores: “Deveriam ser punidos. A
memória histórica tem que servir de lição. Não pode ser apenas evocar estaticamente
uns heróis e uns torturadores. Vários países da América Latina têm dado o
exemplo disso”.
América Latina: “Pátria Grande”
Casaldáliga
considera que a América Latina “está melhor hoje do que ontem. Porque temos
governos mais ou menos de esquerda. Porque há uma maior consciência de que
somos um continente.”
“Uma
“Pátria Grande”, como diziam os libertadores. “A nossa América”, diziam eles
também. Eu digo sempre que a América Latina e o Caribe ou se salvam
continentalmente todos ou não se salvam. Tem que ser uma comunidade de nações,
porque temos uma característica especial.”
“Paixão latino-americana”
“Já, em
parte, se está conseguindo que a América Latina não seja tão abertamente o
quintal dos Estados Unidos. Se está dando passos importantes. Quando se fala da
Venezuela, eu digo que, com os erros de Hugo Chávez, tem umas contribuições
significativas. Uma delas é essa paixão latino-americana.”
“O Brasil é outra coisa”
“Custou o
Brasil tomar consciência de que somos América Latina. Pelo idioma… Por uma
certa atitude hegemônica… Que, às vezes, não é suficientemente controlada… O
Brasil é outra coisa.”
Não acredito, mas…
O bispo
não acredita em novo golpe. Ao menos, não nos moldes do que ocorreu em 64. “Nem
aqui nem em outros lugares da América Latina. Mas há outros tipos de golpes…
Por isso, é bom prevenir… Para que as ditaduras não sejam camufladas… Podem ser
ditaduras militares, podem ser ditaduras civis também…”
Os “outros tipos de golpes”…
“O governo
do Paraguai não é legítimo, o governo de Honduras não é legítimo. Evidente. São
golpes de Estado, são ditaduras camufladas a serviço dos interesses do Império.
(o grande capital) Que agora é menos expressivamente dos países… A globalização
os tem metido a todos no mesmo saco.”
“O nosso DNA é ser raça humana”
“Por outra
parte, há um cenário, uma nova consciência de sermos uma unidade. Somos a
família humana. Agora não se pode prescindir do resto do mundo. Sempre temos
dito que o pecado dos EUA é se considerar como ele só no mundo. E o resto é
resto.”
“Agora com
a globalização e suas malezas, e seus abusos… Tem se aberto um espaço… Uma
unidade. A característica primeira é de ser humanos…”
“Eu digo
que o nosso DNA é ser raça humana. Família humana. Existem (“raças”) como
identidade. Mas, dentro dessa identidade, primeiro é o fato de ser
humanos. E toda a verdadeira política se devia dedicar a humanizar a
humanidade.”
“Capitalismo com rosto humano é impossível”
Perguntado
se há possibilidade de haver uma verdadeira democracia dentro do capitalismo, o
bispo do Araguaia foi enfático: “Não! O capitalismo é nefasto. E não tem
solução… O capitalismo é o egoísmo coletivo. É a segregação da imensa maioria.
É o lucro pelo lucro. É a utilização das pessoas e dos povos a serviço de um
grupo de privilegiados. Quando se trata de um “capitalismo com rosto humano” se
está pedindo o impossível. É impossível.”
“A democracia é uma palavra profanada.”
Para D.
Pedro Casaldáliga, não há democracia verdadeira em lugar nenhum do mundo.
“Porque se tem uma democracia formal… Uma democracia, entre aspas, política.
Mas não se tem democracia econômica… Não se tem democracia hênica (étnica). Os
povos indígenas, dentro destes Estados democráticos… São coibidos. São
marginalizados. Se vêem obrigados a reivindicar os direitos que são elementares
para eles. A democracia é uma palavra profanada.”
Quem tem medo da democracia?
“Da
verdadeira democracia… Têm medo todos aqueles que continuam defendendo
privilégios para umas pessoas… Privilégios para uns poucos.”
“Todos
aqueles que fazem da propriedade privada um direito absoluto.”
“Todos
aqueles que não entendem que a propriedade tem uma hipoteca social.”
“Todos
aqueles que considerem que podem existir pessoas, governos e Estados que vivam
de privilégio à custa da dominação e da exploração…”
“Não há liberdade de imprensa”
“A grande
mídia é a mídia dos grandes. Com isso está dito tudo… Não há liberdade de
imprensa. Eu tenho visto jornalistas chorando de raiva porque fizeram matéria e
o editor tergiversou (distorceu) tudo praticamente… Colocando o título tal e
tergiversa (distorce) tudo o que foi dito no texto. Sim. Sim. Tem tido casos
assim.”
Governo Dilma: “obsessão pelos grandes projetos”
“A crítica
que eu faço é dessas três dívidas: A dívida da Reforma Agrária. A dívida da
Causa Indígena. E a dívida dos pequenos projetos. Se faz os grandes projetos…
Belo Monte. São Francisco. Hidrelétricas… Grandes projetos… O Brasil é
destinado a ser uma grande fábrica a serviço deles.”
“Um índio
Carajá dizia uns anos atrás… Numa coletiva de imprensa na Europa: “Eu acho que
o nosso governo está mais interessado em engordar os porcos de obra…” “Do que
em cuidar do seu povo…” Engordar os porcos… Sem recolher a soja… Fazer da soja
a grande exportação. Há uns atrás ele falava… Mas ainda devemos dizer que essa
obsessão pelos grandes projetos… Define em grande parte o governo atual.”
A política internacional vai bem
“Eu
reconheço a história da Dilma. Reconheço as ações de solidariedade que ela está
fazendo… A atitude que se tem adotado com respeito ao Paraguai… A atitude que
se tem adotado com respeito à Venezuela… A atitude que se tem adotado quando se
trata de defender o direito dos povos. Se Equador toma uma decisão, ela é
acolhida ou respaldamos. Sim (a política internacional vai bem). Pela primeira
vez se fez uma política, que buscava a independência com respeito aos EUA.”
“Descalço sobre a terra vermelha”
Quando o
QTMD? esteve em São Félix do Araguaia, estava sendo rodado um filme sobre D.
Pedro Casaldáliga, baseado em livro homônimo. O homenageado se opunha, mas
depois acabou permitindo.
“Eu me opunha de todo jeito. Porque eu tinha
medo de duas coisas: que se partisse para o pedantismo… O culto da
personalidade. E também que não se destacassem bastante… As nossas causas. Por
que estamos aqui? O que defendemos aqui? Por que temos assumido essas
atitudes?”
“Isso de um modo comunitário.
Porque não tem sido eu… Tem sido essas equipes de pastoral… Tem sido o
movimento popular. O povo da região… Que tem lutado, que luta, para vingar seus
direitos.”“Eu fiz questão de não interferir. Deixar liberdade absoluta. Sem
censura. Criticamos a censura, eu não vou fazer censura agora…”
“Tem uma
vantagem, acho, o filme… Ajudará a evocar uma memória que não estava viva,
sobretudo, na juventude… Do governo daquela época. Poderão agora descobrir um
passado, que afeta o presente e o futuro.”
“’Descalço’
quer dizer sem consumismo. Despojado, sem consumo. ‘Sobre a terra vermelha’.
Uma terra ensopada de suor,… Mas também ensopada de sangue. Sangue mártir.”,
finalizou o bispo.
Fonte:
http://quemtemmedodademocracia.com/2012/10/21/d-pedro-casaldaliga-o-problema-e-ter-medo-do-medo-especial-para-o-qtmd/