quinta-feira, 17 de março de 2011

À Nádia

No ano passado, antes de irmos para a Reunião Executiva da Pastoral da Juventude em Ponta Grossa, o Arnaldinho e eu passamos pela casa da Nádia, em Prudentópolis. Iríamos todos juntos para Ponta Grossa. Fiquei encantada com o jardim de sua casa. Eram rosas de cores e tamanhos variados que me fizeram pensar “qual será a mais bonita?”. Passei toda a noite pensando naquelas flores.

Tomamos um café e a Nádia ainda conseguiu terminar um trabalho para uma cliente (ela confecciona roupa íntima feminina), tomou um banho e se arrumou. E nós fomos para reunião. Isso também me impressionou. A Nádia foi muito rápida. Comentei com ela e ela deu aquela risada. Estava acostumada com isso nessa vida de secretária do Regional Sul 2.

Esse trabalho não é fácil. Desde que assumiu, em novembro de 2007, Nádia sabia que seria dedicação quase que integral à PJ. Todas as semanas ela faz o caminho Prudentópolis – Curitiba e com paradas também em Guarapuava. Mais do que os relatórios das reuniões, dos encontros regionais, de “ir atrás” das diversas dioceses, de preparar material, repassar a todos(as), mais do que cuidar da sala da PJ do Regional, o trabalho de secretária exige, principalmente, diplomacia.

Neste caso, diplomacia significa saber ceder, falar com jeito que uma pessoa está errada, emitir sua opinião sem ser grosseiro e, principalmente, ficar calado mesmo que a vontade é de gritar. Como pejoteiros, cantamos “se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão”. Aprendemos que diante de algo que não está certo devemos falar e não ter medo de perder nossa cabeça. Mas, com o tempo, entendemos que é preciso aprender o momento certo de falar e como falar. É um exercício difícil. Só a maturidade e a certeza de que é a coisa certa faz valer a pena tamanho sacrifício. A Nádia mostrou que possui essas imensas virtudes. Conseguiu conviver entre bispos, padres, assessores e militantes da PJ fazendo seu papel, de elo entre todo o regional, e o mais incrível, sem desgastes, sem polêmicas.

Mas ainda há um aspecto muito mais difícil nesse trabalho. Assumir a secretaria da PJ é uma missão. “Missão é partir, caminhar... Deixar tudo, sair de si. Quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso eu. É parar de dar voltas ao redor de nós mesmos, como se fôssemos o centro do mundo e da vida”, já disse D. Hélder Câmara. Ao assumir a secretaria da PJ, a Nádia assumiu essa missão com a vida. Deixou “de lado” sua família, sua comunidade, seu trabalho, sua vida pessoal. Tudo isso por amor à causa da juventude. Ela assumiu essa missão de forma consciente, sabia que para os olhos de alguns era algo que não valia a pena, que não havia razão de ser, que não compensava em termos financeiros. Em partes eles estavam certos, mas a Nádia teve muitas compensações: a satisfação de ver a Pastoral da Juventude caminhando é uma delas. E com certeza a mais importante. O amor à Pastoral da Juventude é o que sustenta o pejoteiro, é o que o faz manter-se firme na caminhada, apesar das diversas pedras que são encontradas no caminho.

Mas a missão chegou ao fim, e a Nádia vai deixar a secretaria regional da PJ. Como pejoteira, não vai abandonar a PJ, vai continuar atuando junto à sua comunidade, decanato e diocese. Em breve teremos uma nova secretária. Na reunião neste final de semana em Cascavel alguns nomes foram indicados, e provavelmente teremos uma nova secretária em alguns dias. Com certeza será alguém com as mesmas qualidades que a Nádia e com certeza vai continuar o trabalho que ela fez com tanto empenho e dedicação. E para a Nádia só nos resta agradecer por ser mais que a secretária do regional, devemos agradecer por ela ser, acima de tudo, nossa amiga.

Ainda penso no jardim da casa da nossa atual secretária, mas agora já não tenho dúvida sobre a beleza das rosas. Entre tantas flores a mais bonita, com certeza, era a Nádia.

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