sexta-feira, 27 de julho de 2012

Jornal Vagalume



EXTRA! EXTRA! EXTRA! Saiu uma nova edição do Vagalume.

Quem quiser receber as atualizações e o material produzido pela galera da PJ de Umuarama pode cadastrar o e-mail aqui.

Quase tudo pronto para etapa de formação diocesana da PJ em Matelândia


A Pastoral da Juventude da Diocese de Foz do Iguaçu (PJFOZ) está nos últimos preparativos para a etapa de formação que acontece nos dias 28 e 29 de julho, na cidade de Matelândia. A coordenação se reuniu no último domingo (15) para preparar alguns detalhes que faltam para a realização do evento. O tema da formação é "Qual é a cara da PJ?" e será assessorado por Luiz Fernando de Maringá.

De acordo com informações da coordenação, ainda falta muito para mostrar a cara da PJ na diocese, através de sua mística e espiritualidade, movidas pela ação, pela opção preferencial pelos pobres, entre outras questões. Por isso os integrantes estão preparando vários momentos para que os jovens que estão inciando suas atividades com grupos de jovens, bem como aqueles que já tem certa caminhada, e queiram conhecer cada vez mais a PJ na sua integralidade. Será um momento de partilha e troca de experiencias entre os participantes.

Os jovens de Matelândia estão se preparando para receber os outros jovens de toda a diocese. A formação acontece no centro pastoral de Matelândia na Avenida Borges de Medeiros, centro, ao lado da secretaria paroquial. O evento tem início as 14h de sábado (28) e o encerramento previsto para as 16h de domingo (29). Haverá local para dormir. É necessário levar material para anotação, bíblia, roupa de cama e de banho, material de higiene pessoal e muita disposição e vontade de aprender e ensinar.

São 5 vagas por paróquia. A inscrição por participante terá um custo de R$30,00. As fichas de inscrição devem ser devolvidas até segunda-feira (22) no e-mail pjdiocesefoz@hotmail.com ou jung_adm@hotmail.com. Informações e dúvidas pelo fone  (45) 9914-6866 ou ainda no  (45) 8822-1109

Luiz Fernando Rodrigues


O Fer (como é chamado) é formado em Administração Mercadológica pela Faculdade Maringá. Realizou em 2011 um Curso de Extensão Universitária – Curso de Assessores(as) de Jovens – pela Unisinos no Rio Grande do Sul. Ele é Agente Educacional - Técnico Administrativo. Atua na secretaria Escolar com Cadastros e manutenção da vida escolar dos alunos, prestações de conta do estabelecimento. 

Na Pastoral da Juventude, Luiz Fernando atuou de 2002 a 2004 como Coordenador da PJ, Paróquia Nsa. Sra. De Guadalupe - Maringá. De 2004 a 2008 esteve Coordenador da PJ Arquidiocese de Maringá. Em 2006 assumiu a coordenação da PJ no Regional Sul II, onde esteve também representando o regional na Coordenação Nacional (CN). Esteve a frente do cargo até 2008.  

Atualmente, após conclusão do CAJO, atua como assessor leigo na PJ Maringá e em outros locais que necessitam. Esteve a frente de muitos dos trabalhos do 10º Encontro Nacional da Pastoral da Juventude (ENPJ), realizado no início de 2012 em Maringá. Ele já esteve em outra oportunidade assessorando alguns trabalhos na diocese de Foz, mas com outra temática.

Ainda faz parte da direção da APP Sindicato – Núcleo de Maringá e mais recentemente foi eleito como secretário de Juventude da CUT (Central Única dos Trabalhadores) – Paraná para o triênio 2012 - 2015.


Fonte: http://pj-foz.blogspot.com.br/2012/07/quase-tudo-pronto-para-etapa-de.html



Confirmada ordenação presbiteral de Leandro Blasius

Essa semana foi confirmada a ordenação presbiteral do então Diácono Leandro Blasius, carinhosamente chamado de Batata pelos seus amigos e companheiros de caminhada. A ordenação será no dia 01 de setembro na igreja matriz de Missal, Paróquia Nossa Senhora da Conceição. A primeira missa será no dia 02 de setembro na comunidade de Jacutinga, capela Sagrado Coração de Jesus.


Leandro viveu por muito tempo com sua família na comunidade de Jacutinga, interior de Missal. Trabalhou em Santa Helena, Medianeira, Foz do Iguaçu e no último ano esteve fazendo um serviço pastoral na cidade de Missal, por ser o último ano antes da ordenação. No início do ano esteve acompanhando Pe Agostinho na Paróquia Anunciação do Senhor em Foz do Iguaçu. Foi ordenado diácono na referida paróquia, capela Rosa Mística.


Atualmente o diácono está realizando seus trabalhos na Catedral Nossa Senhora de Guadalupe, auxiliando o Pe Clodoaldo. Sempre que pode, auxilia nos trabalhos da Pastoral da Juventude, nas paróquias onde atuou, bem como em nível diocesano. Por esse motivo e pela amizade criada em todos esses anos de trabalho, a PJ se alegra por poder partilhar dessa felicidade de um sonho realizado.



Fonte: http://pj-foz.blogspot.com.br/2012/07/confirmada-ordenacao-presbiteral-de.html


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Premiados da Ação Evangelizadora “Rio que Cresce entre nós”


Esta ação aconteceu em todo o Regional Sul II desde setembro de 2011 até julho de 2012. Foi uma Ação Evangelizadora que envolveu a juventude de todo Paraná.

O sorteio aconteceu no dia 24 de julho a 20h no Provinciado da Santíssima Trindade em Curitiba, por ocasião do Encontro de Assessores do Setor Juventude e Pastoral da Juventude do Regional Sul II.

Estiveram representadas 14 Arqui/Dioceses e Eparquia Ucraniana totalizando 25 participantes. Estiveram presentes ainda 2 jovens da Comunidade do Pinheirinho, Curitiba, Dom Rafael Biernaski, bispo auxiliar de Curitiba e secretário da CNBB - Regional Sul II, Dom Anuar Battisti, bispo Referencial da Juventude do Regional e Pe. Edinho André Cunha Thomassim de S. Leopoldo - RS, Assessor do encontro.

1º Prêmio: Participação da JMJ com a responsabilidade de cada Diocese.


Diocese
Nomes dos jovens
1.      
União da Vitória
Emanuelle Zielke
2.      
Toledo
Cleyton Aparecido Silvera
3.      
Eparquia Ucraniana
Samuel Kranex
4.      
São José dos Pinhais
Valéria Cordeiro
5.      
Cornélio Procópio
Ana Letícia Guedes
6.      
Cascavel
Eder Gulhak
7.      
Guarapuava
João Marcos Da Silva
8.      
Umuarama
Jonatan Sossai
9.      
Foz do Iguaçu
Carmem Dainele Biesk
10.                        
Palmas Francisco Beltrão
Isabelli F. Pessaio
11.                        
Jacarezinho
Luiz Gustavo da Silva Lopes
12.                        
Apucarana
Joyci Mayara Martins
13.                        
Paranavaí
Marcia Regina Da Silva
14.                        
Maringá
Felipe A. Rebelo
15.                        
Londrina
Pedro Jeus Berbezi
16.                        
Campo Mourão
Tamiris Soares De Souza
17.                        
Curitiba
Rafaela G. Dos Santos Staes
18.                        
Paranaguá
Elvira Valerio Pazinalto
19.                        
Ponta Grossa
Ediane S. Santos

4º Prêmio: Passagem para Terra Santa. Maior valor conseguido para os peixes.
Inez Alir Tadeschini
Diocese de Palmas - Francisco Beltrão - Paróquia São Jorge.

3º Prêmio: Passagem para Terra Santa. Jovens coordenadores que desenvolveram a Ação.
Elis Regina Comini
Diocese de Palmas - Francisco Beltrão – Paróquia São José Marques.

2º Prêmio: Passagem para Terra Santa. Doadores dos peixes, “Amigo da Juventude”.
Julio W. Zielke
Diocese de União da Vitória – Paróquia São Judas Tadeu.

Obrigado a todos pela participação como jovens missionários, coordenadores paroquiais, doadores dos “pães” e Amigos da Juventude com o gesto de doação dos “peixes”.

“...Todos comeram, ficaram satisfeitos, e recolheram doze cestos de pão e também dos peixes...” (Mc. 6,42).

Pe. Joel Nalepa, Assessor Regional

Inserida por: Dominique
Fonte:  CNBB -Regional Sul II

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Evento marcará contagem regressiva para a JMJ Rio 2013



“Preparai o caminho” é o nome do evento comemorativo que vai marcar a contagem regressiva para o grande encontro dos jovens com o papa Bento XVI, no Rio de Janeiro, em julho de 2013. O Comitê Organizador Local (COL) da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013 (JMJ) promove nos dias 27 a 29 de julho de 2012, no Complexo do Maracanã, um grande momento de evangelização.

“Trata-se de um momento de preparação, oração e reflexões. Dadas as proporções do evento, será para nós uma experiência de ensaio, que vai nos dar a noção de como devemos nos preparar” afirma o Diretor Executivo do Setor Voluntariado do COL, Padre Ramon Nascimento da Silva.

A abertura será com missa presidida pelo Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giovanni d'Aniello. Estão previstas outras celebrações, shows, palestras e o lançamento da campanha de doações para a JMJ Rio2013. Haverá inclusive um festival, com a participação de grandes nomes da música católica e popular brasileira, e apresentações culturais.

Entre as atrações, o Reitor do Santuário Cristo Redentor, Padre Omar Raposo, fará o lançamento de seu primeiro CD intitulado “Peço a Deus”, trazendo canções em ritmo de samba e a participação especial do cantor Diogo Nogueira. “O samba faz parte da cultura popular e cantar no ‘Preparai o Caminho’ é algo singular na busca da construção de um mundo melhor para a nossa juventude, para o nosso povo”, declara Omar.

Os organizadores aguardam cerca de 50 mil pessoas nos três dias do evento. A entrada será gratuita, mas o público deverá seguir alguns procedimentos para obter os ingressos, no site do evento, ou mesmo pelo telefone  (21) 3559-9110.

A seguir, a programação do evento (sujeita a alterações)

Dia 27 de julho

18h - Abertura dos portões
19h - Missa, presidida pelo Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giovanni d'Aniello

Show Jovens em Canção, com a apresentação dos Hinos das Jornadas Mundiais da Juventude

Dia 28 de julho

7h30 - Abertura dos portões
8h - Missa presidida pelo Arcebispo de Aparecida e presidente da CNBB, Cardeal Dom Raymundo Damasceno
Presenças de Dom Eduardo Pinheiro, Padre Darci Nicioli, Padre Roger Luiz, Moysés Azevedo, Padre Jorjão, Padre Robson de Oliveira e Padre Antônio Maria
Apresentações: Ministério Amor e Adoração (Dunga e Eliana Ribeiro), Frutos de Medjugorje e cantores do Rio de Janeiro e Regional Leste 1, Comunidade Bom Pastor

Dia 29 de julho

7h30 - Abertura dos portões
8h - Início do evento
Missa presidida pelo Arcebispo do Rio e presidente do COL, Dom Orani João Tempesta
Presença de Padre Reginaldo Manzotti
Show de lançamento do CD do Padre Omar Raposo, com participação especial de Diogo Nogueira, e apresentações da Banda e Cantores Ministério Amor e Adoração e da Banda DOM




PS: "Mas é importante, Mariama, que a Igreja de teu Filho não fique em palavras, não fique em aplausos". D. Hélder Câmara.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Construção!



Uma pergunta...
Cadê a resposta?
Aí o caminho!
Uma bandeira, uma esperança!
Um mundo melhor, uma comunhão...
Nos pés um sonho, um grito pelas mãos...
A certeza da mudança através da ação.
Jovens que lutam, buscando o melhor
Para que viver se não tiver um ideal?
Um chão para pisar, uma terra para arar
Semear os bons frutos para a colheita festejar
Colheita de vida, de sentidos
De doação para o serviço
Este serviço que move, que nos move, rumo a construção...
- mas que construção?
Daquela feita de AMOR... a Civilização!

Marília Setnarski

Confissões do Latifúndio


Por onde passei,
plantei
a cerca farpada,
plantei a queimada.

Por onde passei,
plantei
a morte matada.

Por onde passei,
matei a tribo calada,
a roça suada,
a terra esperada...

Por onde passei,
tendo tudo em lei,
eu plantei o nada.

Pedro Casáldaliga

domingo, 22 de julho de 2012

Hino da JMJ Rio2013 será lançado na festa da Exaltação da Santa Cruz


É grande a expectativa dos jovens para o lançamento do hino oficial da JMJ Rio2013. Mas eles vão ter que esperar só mais um pouquinho. Segundo um dos responsáveis pelo Setor de Preparação Pastoral do Comitê Organizador Local (COL), padre Leandro Lênin, o hino, que estava previsto para ser divulgado no dia 27 de julho, tem uma nova data para o lançamento: dia 14 de setembro.
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“Nós estamos em um impasse positivo que vai nos ajudar, no momento da estreia do hino, a ter uma surpresa para todos. Foi-nos concedido pelo Pontifício Conselho um pouco mais de tempo para pensar neste assunto, exatamente porque nós temos pérolas nas mãos. Então, quanto mais se cultiva, mais elas brilham”, destacou.
Padre Leandro também ressaltou que foi escolhido o dia 14 de setembro porque é o dia da Exaltação da Santa Cruz, o que remete à própria cruz peregrina. “O bairro de Santa Cruz em 2012 completa 450 anos. O Brasil foi Terra de Santa Cruz. E nossa vigília vai ser na Base Aérea de Santa Cruz. Então, nós queremos dar um presente nesse estilo musical para a cidade, ou seja, lançar o hino nessa data é uma forma de celebrarmos juntos todos esses grandes eventos”, frisou.
Em outubro do ano passado, foi aberto um edital para o concurso da letra do hino, e de novembro a março foram realizadas as inscrições. O Setor de Preparação Pastoral recebeu cerca de 180 letras. Elas passaram por um processo de avaliação doutrinal, de criatividade, de beleza e de poética, tudo isso avaliado por profissionais da música.
Na segunda fase de seleção, dessas 180 letras, foi escolhido um bloco das 20 melhores. Segundo padre Leandro, a questão da possibilidade de tradução para outras línguas também está sendo levada em consideração. “Nem sempre é fácil transportar a poética e todo o brilho do que foi feito numa única língua para as outras línguas. Então, este também é um fator que pesa na hora da escolha”, afirmou.

sábado, 21 de julho de 2012

Liturgia: 16º Domingo do Tempo Comum


A liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum dá-nos conta do amor e da solicitude de Deus pelas “ovelhas sem pastor”. Esse amor e essa solicitude traduzem-se, naturalmente, na oferta de vida nova e plena que Deus faz a todos os homens.
Na primeira leitura, pela voz do profeta Jeremias, Javé condena os pastores indignos que usam o “rebanho” para satisfazer os seus próprios projetos pessoais; e, paralelamente, Deus anuncia que vai, Ele próprio, tomar conta do seu “rebanho”, assegurando-lhe a fecundidade e a vida em abundância, a paz, a tranquilidade e a salvação.
O Evangelho recorda-nos que a proposta salvadora e libertadora de Deus para os homens, apresentada em Jesus, é agora continuada pelos discípulos. Os discípulos de Jesus são – como Jesus o foi – as testemunhas do amor, da bondade e da solicitude de Deus por esses homens e mulheres que caminham pelo mundo perdidos e sem rumo, “como ovelhas sem pastor”. A missão dos discípulos tem, no entanto, de ter sempre Jesus como referência… Com frequência, os discípulos enviados ao mundo em missão devem vir ao encontro de Jesus, dialogar com Ele, escutar as suas propostas, elaborar com Ele os projetos de missão, confrontar o anúncio que apresentam com a Palavra de Jesus.
Na segunda leitura, Paulo fala aos cristãos da cidade de Éfeso da solicitude de Deus pelo seu Povo. Essa solicitude manifestou-se na entrega de Cristo, que deu a todos os homens, sem exceção, a possibilidade de integrarem a família de Deus. Reunidos na família de Deus, os discípulos de Jesus são agora irmãos, unidos pelo amor. Tudo o que é barreira, divisão, inimizade, ficou definitivamente superado.
LEITURA I – Jer 23,1-6
Leitura do Livro de Jeremias
Diz o Senhor: «Ai dos pastores que perdem e dispersam as ovelhas do meu rebanho!» Por isso, assim fala o Senhor, Deus de Israel, aos pastores que apascentam o meu povo: «Dispersastes as minhas ovelhas e as escorraçastes, sem terdes cuidado delas. Vou ocupar-Me de vós e castigar-vos, pedir-vos contas das vossas más ações - oráculo do Senhor. Eu mesmo reunirei o resto das minhas ovelhas de todas as terras onde se dispersaram e as farei voltar às suas pastagens, para que cresçam e se multipliquem. Dar-lhes-ei pastores que as apascentem e não mais terão medo nem sobressalto; nem se perderá nenhuma delas – oráculo do Senhor. Dias virão, diz o Senhor, em que farei surgir para David um rebento justo. Será um verdadeiro rei e governará com sabedoria; há-de exercer no país o direito e a justiça. Nos seus dias, Judá será salvo e Israel viverá em segurança. Este será o seu nome: ‘O Senhor é a nossa justiça’».
AMBIENTE
Jeremias, o profeta nascido em Anatot por volta de 650 a.C., exerceu a sua missão profética desde 627/626 a.C., até depois da destruição de Jerusalém pelos Babilônios (586 a.C.). O cenário da atividade do profeta é, em geral, o reino de Judá (e, sobretudo, a cidade de Jerusalém).
A primeira fase da pregação de Jeremias abrange parte do reinado de Josias. Este rei – preocupado em defender a identidade política e religiosa do Povo de Deus – leva a cabo uma impressionante reforma religiosa, destinada a banir do país os cultos aos deuses estrangeiros. A mensagem de Jeremias, neste período, traduz-se num constante apelo à conversão, à fidelidade a Javé e à aliança.
No entanto, em 609 a.C., Josias é morto, em combate contra os egípcios. Joaquim sucede-lhe no trono. A segunda fase da atividade profética de Jeremias abrange o tempo de reinado de Joaquim (609-597 a.C.).
O reinado de Joaquim é um tempo de desgraça e de pecado para o Povo, e de incompreensão e sofrimento para Jeremias. Nesta fase, o profeta aparece a criticar as injustiças sociais (às vezes fomentadas pelo próprio rei) e a infidelidade religiosa (traduzida, sobretudo, na busca das alianças políticas: procurar a ajuda dos egípcios significava não confiar em Deus e, em contrapartida, colocar a esperança do Povo em exércitos estrangeiros). Jeremias está convencido de que Judá já ultrapassou todas as medidas e que está iminente uma invasão babilônica que castigará os pecados do Povo de Deus. É, sobretudo, isso que ele diz aos habitantes de Jerusalém… As previsões funestas de Jeremias concretizam-se: em 597 a.C., Nabucodonosor invade Judá e deporta para a Babilônia uma parte da população de Jerusalém.
No trono de Judá fica, então, Sedecias (597-586 a.C.). A terceira fase da missão profética de Jeremias desenrola-se, precisamente, durante este reinado.
Após alguns anos de calma submissão à Babilónia, Sedecias volta a experimentar a velha política das alianças com o Egito. Jeremias não está de acordo que se confie em exércitos estrangeiros mais do que em Javé… Mas, nem o rei, nem os notáveis lhe prestam qualquer atenção à opinião do profeta. Considerado um amargo “profeta da desgraça”, Jeremias apenas consegue criar o vazio à sua volta.
Em 587 a.C., Nabucodonosor põe cerco a Jerusalém; no entanto, um exército egípcio vem em socorro de Judá e os babilônios retiram-se. Nesse momento de euforia nacional, Jeremias aparece a anunciar o recomeço do cerco e a destruição de Jerusalém (cf. Jer 32,2-5). Acusado de traição, o profeta é encarcerado (cf. Jer 37,11-16) e corre, inclusive, perigo de vida (cf. Jer 38,11-13). Enquanto Jeremias continua a pregar a rendição, Nabucodonosor apossa-se, de fato, de Jerusalém, destrói a cidade e deporta a sua população para a Babilônia (586 a.C.).
O texto que nos é hoje proposto como primeira leitura faz referência a esses tempos de desnorte nacional, em que Judá, sem líderes capazes, já perdeu as referências e a esperança no futuro. No texto, Deus condena os “pastores” de Israel porque dispersaram as ovelhas do rebanho, o que parece aludir ao exílio na Babilônia. Provavelmente, este texto deve situar-se entre 597 e 586 a. C., no tempo que vai desde o primeiro exílio (após a primeira queda de Jerusalém – 597 a. C.) ao segundo exílio (após a segunda tomada de Jerusalém pelos Babilônios – 586 a. C.).
O uso da imagem do “pastor” para falar dos líderes da nação é bastante frequente no Antigo Testamento. Aliás, a imagem adquiriu uma força especial na sequência de David, o pastor que Javé ungiu e transformou em rei, encarregando-o de cuidar do rebanho do Povo de Deus.
MENSAGEM
O nosso texto começa com uma breve exposição da culpa: os “pastores” de Judá perderam, dispersaram, escorraçaram as ovelhas do Senhor, sem terem cuidado delas (vers. 1-2a). Cada um dos verbos utilizados faz referência a fatos concretos (bem recentes) da história de Judá. O aventureirismo, os interesses pessoais, as jogadas políticas, a inconsciência dos líderes trouxeram consequências funestas ao Povo, ao “rebanho” de Deus. Os líderes de Judá não procuraram servir o Povo, mas serviram-se do Povo para concretizar os seus objetivos pessoais. Ora, o “rebanho” não é propriedade dos “pastores”, mas do Senhor… Deus chamou-os a uma missão concreta, encarregou-os de cuidar do seu “rebanho” e eles, depois de terem aceite o compromisso, falharam totalmente.
Depois da culpa, vem a sentença: Deus vai “ocupar-se” desses maus pastores: vai castigá-los, pedir-lhes contas das suas más ações (vers. 2b). Deus não está disposto a tolerar abusos de confiança, nem pode pactuar com líderes que exploram o “rebanho” em seu benefício próprio. Na perspectiva de Deus, trata-se de algo intolerável e que não pode ser deixado em claro.
Mas a intervenção de Deus não se fica pelo pedir contas aos maus líderes… O próprio Javé vai intervir, no sentido de salvar o seu “rebanho”. A intervenção de Deus justifica-se pelo fato de se tratar do “rebanho” do Senhor e de Ele ter responsabilidades para com as suas ovelhas.
A intervenção de Deus vai desenvolver-se em três tempos, ou momentos… O primeiro é a repatriação dos exilados: as ovelhas serão devolvidas “às sua pastagens para que cresçam e se multipliquem” (vers. 3). Para esta tarefa, Deus não conta com intermediários: Ele mesmo vai liderar o processo de libertação e de regresso dos exilados à terra.
O segundo momento da intervenção de Deus consiste na escolha de “pastores” exemplares (vers. 4). A missão desses “pastores” será, simplesmente, “apascentar”. Isso implica, naturalmente, o cuidado, a solicitude, o amor, a ternura pelo rebanho… Esses pastores estarão, naturalmente, ao serviço do rebanho e não usarão o rebanho para concretizar os seus interesses pessoais. As “ovelhas” aprenderão a confiar nesse “pastor” que as ama e não terão mais “medo nem sobressalto”.
O terceiro momento da intervenção de Deus é projetado para um futuro sem data marcada. Promete a chegada de um “rebento justo” da dinastia de David (vers. 5). A imagem tirada do reino vegetal (“rebento”) sugere fecundidade e vida em abundância, porque ele dará vida em abundância ao rebanho de Javé. Ele assegurará “o direito e a justiça” e trará salvação e segurança ao Povo de Deus. O nome desse rei será “o Senhor é a nossa justiça” (vers. 6), pois é Deus que o legitima e a sua missão será administrar a justiça que Deus quer. Garantindo a justiça, esse “pastor” irá trazer a harmonia, a paz, a tranquilidade, a salvação, a vida verdadeira ao Povo de Deus. Esta promessa com contornos messiânicos pretende anular a frustração e o desespero e inaugurar um tempo de esperança para o Povo de Deus.
ATUALIZAÇÃO
• Antes de mais, o nosso texto mostra a preocupação de Deus com a vida e a felicidade do seu Povo. Nos momentos conturbados da nossa história (coletiva ou pessoal) sentimo-nos, muitas vezes, órfãos, perdidos e abandonados ao sabor dos ventos e das marés… As catástrofes que afetam o mundo, os conflitos que dividem os povos, a miséria que toca a vida de tantos dos nossos irmãos, os perigos dos fundamentalismos, as mudanças vertiginosas que o mundo todos os dias sofre, a perda dos valores em que apostávamos, as novas e velhas doenças, as crises pessoais, os problemas laborais, as dificuldades familiares trazem-nos a consciência da nossa pequenez e impotência frente aos grandes desafios que o mundo hoje nos apresenta. Sentimo-nos, então, “ovelhas” sem rumo e sem destino, abandonadas à nossa sorte. Por vezes, no nosso desespero, apostamos em “pastores” humanos que, em lugar de nos conduzirem para a vida e para a felicidade, nos usam para satisfazer a sua ânsia de protagonismo e para realizar os seus projetos egoístas… A Palavra de Deus que nos é proposta neste domingo garante-nos que Deus é o “Pastor” que se preocupa conosco, que está atento a cada uma das suas “ovelhas”; Ele cuida das nossas necessidades e está permanentemente disposto a intervir na nossa história para nos conduzir por caminhos seguros e para nos oferecer a vida e a paz. É n’Ele que temos de apostar, é n’Ele que temos de confiar. Esta constatação deve ser, para todos os crentes, uma fonte de alegria, de esperança, de serenidade e de paz.
• As ameaças contra os maus pastores apresentadas neste texto de Jeremias talvez nos tenham levado a pensar nos líderes do mundo, nos nossos governantes e, talvez também, nos líderes da Igreja. Na verdade, a nossa história recente está cheia de situações em que as pessoas encarregadas de cuidar da comunidade humana usaram o “rebanho” em benefício próprio e magoaram, torturaram, roubaram, assassinaram, privaram de vida e de felicidade essas pessoas que Deus lhes confiou… De qualquer forma, este texto toca-nos a todos, pois todos somos, de alguma forma, responsáveis pelos irmãos que caminham conosco. Convida-nos a refletir sobre a forma como tratamos os irmãos, na família, na Igreja, no emprego, em qualquer lado… Recorda-nos que os irmãos que caminham conosco não estão ao serviço dos nossos interesses pessoais e que a nossa função é ajudar todos a encontrar a vida e a felicidade.

• O nosso texto faz referência a “um rei” que Deus vai enviar ao encontro do seu Povo e que governará com sabedoria e justiça. Jesus é a concretização desta promessa. Ele veio propor ao “rebanho” de Deus a vida plena e verdadeira… Como é que nós, as “ovelhas” a quem se destina a proposta de salvação que Deus nos faz em Jesus, acolhemos o que Ele nos veio dizer? As propostas de Jesus encontram eco na nossa vida? Estamos sempre dispostos a acolher as indicações e os valores que Ele nos apresenta?

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 22 (23)
Refrão: O Senhor é meu pastor: nada me faltará.
O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.
Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome. 
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança.
Para mim preparais a mesa 
à vista dos meus adversários; 
com óleo me perfumais a cabeça, 
e o meu cálice transborda.
A bondade e a graça hão-de acompanhar-me
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.
LEITURA II – Ef 2,13-18
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
Irmãos: Foi em Cristo Jesus que vós, outrora longe de Deus, vos aproximastes d’Ele, graças ao sangue de Cristo. Cristo é, de fato, a nossa paz. Foi Ele que fez de judeus e gregos um só povo e derrubou o muro da inimizade que os separava, anulando, pela imolação do seu corpo, a Lei de Moisés com as suas prescrições e decretos. E assim, de uns e outros, Ele fez em Si próprio um só homem novo, estabelecendo a paz. Pela cruz reconciliou com Deus uns e outros, reunidos num só Corpo, levando em Si próprio a morte á inimizade. Cristo veio anunciar a boa nova da paz, paz para vós, que estáveis longe, e paz para aqueles que estavam perto. Por Ele, uns e outros podemos aproximar-nos do Pai, num só Espírito.
AMBIENTE
A Carta aos Efésios é, provavelmente, um dos exemplares de uma “carta circular” enviada a várias Igrejas da Ásia Menor, numa altura em que Paulo está na prisão (em Roma? em Cesareia?). O seu portador é um tal Tíquico. Estamos por volta dos anos 58/60.
Alguns vêem nesta carta uma espécie de síntese da teologia paulina, numa altura em que Paulo sente ter terminado a sua missão apostólica na Ásia e não sabe exatamente o que o futuro próximo lhe reserva (recordemos que ele está, por esta altura, prisioneiro e não sabe como vai terminar o cativeiro).
O tema central da Carta aos Efésios é aquilo a que Paulo chama “o mistério”: o desígnio (ou projeto) salvador de Deus, definido desde toda a eternidade, escondido durante séculos aos homens, revelado e concretizado plenamente em Jesus, comunicado aos apóstolos, desfraldado e dado a conhecer ao mundo na Igreja.
O texto que nos é aqui proposto integra a parte dogmática da carta. Depois de refletir sobre o papel de Cristo no projeto de salvação que Deus tem para os homens (cf. Ef 2,1-10), Paulo refere-se à reconciliação operada por Cristo, que com a sua doação uniu judeus e pagãos num mesmo Povo (cf. Ef 2,11-22).
MENSAGEM
Paulo dirige-se aos pagãos (“vós outrora longe de Deus” – vers. 13) e explica-lhes que foi pelo sangue de Cristo que eles se aproximaram de Deus. Antes, eles adoravam os ídolos e tinham convicções religiosas; mas desconheciam o verdadeiro Deus e a sua proposta de salvação; agora, foram admitidos a fazer parte da família de Deus.
Além disso, a entrega de Cristo derrubou a tradicional barreira de inimizade que separava judeus e pagãos e fez de todos um único Povo. Os judeus, convencidos de que eram um Povo à parte, desprezavam os pagãos e não queriam qualquer contacto com eles; as suas leis pugnavam por uma rígida separação e interditavam o contacto com os outros povos. Os pagãos, por sua vez, nutriam um profundo desprezo pelos judeus, pela sua diferença, pela sua arrogância…
Ora, Cristo veio apresentar uma proposta de vida que é para todos, sem exceção. O que é decisivo, agora, não é a pertença a um determinado Povo, mas a forma como se responde à proposta de vida que Jesus faz. Responder positivamente à proposta de Cristo é passar a integrar a comunidade dos santos. A Lei de Moisés, com as suas prescrições e exigências (que, na prática, vedavam aos pagãos a possibilidade de integrar o Povo de Deus), fica anulada… Na nova economia da salvação, o que conta é a disponibilidade para acolher a vida que Deus oferece e ser Homem Novo.
Nasce, assim, um “corpo” que integra os mais diversos membros, pertencentes a todos os quadrantes da família humana. Todos aqueles que aceitaram integrar a comunidade de Jesus, sem diferenças de etnias, de raças, de cor da pele, de classes sociais ou culturais, pertencem à mesma família, a família de Deus. Todos – judeus e pagãos – são, agora, membros da comunidade trinitária do Pai (que oferece a vida), do Filho (que vem ao encontro dos homens para lhes comunicar a vida do Pai) e do Espírito (que mantém unidos os membros deste “corpo” entre si e com Deus.
ATUALIZAÇÃO
• O texto que nos é proposto tem, em pano de fundo, essa verdade fundamental que a liturgia nos recorda todos os domingos: Deus tem uma proposta de salvação para oferecer a todos os homens, sem exceção; e essa proposta tem como finalidade inserir-nos na família de Deus. A constatação de que para Deus não há distinções e todos são, igualmente, filhos amados – para além das possíveis diferenças rácicas, étnicas, sociais ou culturais – é algo que nos tranquiliza, que nos dá serenidade, esperança e paz. O nosso Deus é um pai que não marginaliza nenhum dos seus filhos; e, se tem alguma predileção, não é por aqueles que o mundo admira e endeusa, mas é pelos mais débeis, pelos mais fracos, pelos oprimidos, pelos que mais sofrem.
• O que é verdadeiramente importante, na perspectiva de Deus, não é a cor da pele, nem as capacidades intelectuais, nem as qualidades humanas, nem a pertença a determinada instituição política ou religiosa, nem os contributos (em dinheiro ou em obras) que se dão à Igreja; mas o que é decisivo é ter disponibilidade para acolher a vida que Ele oferece e para aderir à proposta de caminho que Ele faz. Estou sempre numa permanente atitude de escuta das propostas de Deus, ou vivo fechado a Deus e às suas indicações, num caminho de orgulho e de auto-suficiência? Para mim, o que é que significam as propostas de Deus? Elas influenciam as minhas opções, os meus valores, as minhas atitudes? A forma como eu me relaciono com todos os homens e mulheres que encontro nos caminhos deste mundo é coerente com essa proposta de vida que Deus me faz?
• A comunidade cristã é uma família de irmãos, que partilham a mesma fé e a mesma proposta de vida. É um “corpo”, formado por uma grande diversidade de membros, onde todos se sentem unidos em Cristo e entre si numa efetiva fraternidade. As nossas comunidades (cristãs ou religiosas) são, efetivamente, comunidades de irmãos que se amam, para além das diferenças legítimas que há entre os membros? Nas nossas comunidades todos os irmãos são acolhidos e amados, ou há irmãos considerados de segunda classe, marginalizados e maltratados? Eu, pessoalmente, como é que vejo esses irmãos na fé que caminham comigo? Perante as diferenças de perspectiva, como é que eu reajo: com respeito pela opinião do outro, ou com intolerância?
• No mundo de hoje o fenômeno da globalidade aproxima-nos dos outros homens que partilham conosco esta casa comum que é o mundo e torna-nos mais tolerantes para com as diferenças. Contudo, subsistem muros – alicerçados nas diferenças rácicas, políticas, religiosas, sociais, afetivas – que impedem uma total experiência de fraternidade universal. Na nossa vida pessoal e familiar, na nossa vida pessoal e na nossa experiência de caminhada comunitária, aparecem frequentemente muros que nos dividem, que impedem a comunicação, o encontro, a comunhão. Nós, os discípulos desse Cristo que veio reconciliar “judeus e gregos” e fazer de todos “um só povo”, temos o dever de dar testemunho da paz e da unidade e de lutar objetivamente contra todas as barreiras que separam os homens.
ALELUIA – Jo 10,27
Aleluia. Aleluia.
As minhas ovelhas escutam a minha voz, diz o Senhor; 
Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me.
EVANGELHO – Mc 6,30-34
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, os Apóstolos voltaram para junto de Jesus e contaram-Lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Então Jesus disse-lhes: «Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco». De fato, havia sempre tanta gente a chegar e a partir que eles nem tinham tempo de comer. Partiram, então, de barco para um lugar isolado, sem mais ninguém. Vendo-os afastar-se, muitos perceberam para onde iam; e, de todas as cidades, acorreram a pé para aquele lugar e chegaram lá primeiro que eles. Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-Se de toda aquela gente, que eram como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas.
AMBIENTE
O Evangelho do passado domingo mostrava-nos Jesus a enviar os discípulos, dois a dois, para pregarem o arrependimento, expulsarem os demônios, ungirem e curarem os doentes (cf. Mc 6,7-13). O anúncio que é confiado aos discípulos é o anúncio que Jesus fazia (o “Reino”); os gestos que os discípulos são convidados a fazer para anunciar o “Reino” são os mesmos que Jesus fez.
O Evangelho deste domingo apresenta-nos o regresso dos enviados de Jesus. Marcos chama-lhes, agora, “apóstolos” (enviados): é a única vez que a palavra aparece no Evangelho segundo Marcos. A missão correu bem e os “apóstolos” estão entusiasmados, mas naturalmente cansados.
Não há, no texto, qualquer indicação do lugar onde a cena se teria desenrolado.
MENSAGEM
O nosso texto começa com a narração do regresso dos discípulos que, entusiasmados, contam a Jesus a forma como se tinha desenrolado a missão que lhes fora confiada (vers. 30). Na sequência, Jesus convida-os a irem com Ele para um lugar isolado e a descansarem um pouco (vers. 31). Os discípulos foram, com Jesus, para um lugar deserto (vers. 32); mas as multidões adivinharam para onde Jesus e os discípulos se dirigiam e chegaram primeiro (vers. 33). Ao desembarcar, Jesus viu as pessoas, teve compaixão delas (“porque eram como ovelhas sem pastor”) e pôs-se a ensiná-las (vers. 34).
O episódio, em si, é banal… No entanto, Marcos vai aproveitá-lo para desenvolver a sua catequese sobre o discipulado. A catequese apresentada por Marcos desenvolve-se à volta dos seguintes pontos:
1. Os apóstolos são os enviados de Jesus, chamados a continuar no mundo a missão de Jesus. Essa missão consiste em anunciar o Reino. Para a concretizar, os apóstolos convidam os homens que escutam a mensagem a mudarem a sua vida e a acolherem a proposta que Jesus lhes faz. Os gestos dos discípulos (“expulsaram demônios, curaram doentes” – Mc 6,13) anunciam esse mundo novo de homens livres e esse projeto de vida verdadeira e plena que Deus quer oferecer a todos os homens.
2. A referência à necessidade de os “apóstolos” descansarem (pois nem sequer tinham tempo para comer) pretende ser um aviso contra o ativismo exagerado, que destrói as forças do corpo e do espírito e leva, tantas vezes, a perder o sentido da missão.
3. Os “apóstolos” são convidados por Jesus a irem com Ele para um lugar isolado. Já dissemos, acima, que não se nomeia esse lugar: na realidade, o que interessa aqui não é o lugar geográfico, mas sim que esse “descanso” deve acontecer junto de Jesus. É ao lado de Jesus, escutando-O, dialogando com Ele, gozando da sua intimidade, que os discípulos recuperam as suas forças. Se os discípulos não confrontarem, frequentemente, os seus esquemas e projetos pastorais com Jesus e a sua Palavra, a missão redundará num fracasso.
4. Entretanto, as multidões tinham seguido Jesus e os discípulos a pé – quer dizer, deslocando-se à volta do Lago de Tiberíades, com o barco sempre à vista. Esta busca incansável e impaciente espelha, com algum dramatismo, a ânsia de vida que as pessoas sentem… Jesus, cheio de compaixão, compara a multidão a um rebanho sem pastor. Não é nos líderes religiosos ou políticos da nação que elas encontram segurança e esperança; não é nos ritos da religião tradicional que elas encontram paz e sentido para a vida… Mas é em Jesus e na sua proposta que as multidões encontram vida verdadeira e plena. Na sequência, Marcos vai narrar-nos a cena da multiplicação dos pães e dos peixes, que saciam a fome de cinco mil homens.
ATUALIZAÇÃO
• A proposta salvadora e libertadora de Deus para os homens, apresentada em Jesus, é agora continuada pelos discípulos. Os discípulos de Jesus são – como Jesus o foi – as testemunhas do amor, da bondade e da solicitude de Deus por esses homens e mulheres que caminham pelo mundo perdidos e sem rumo, “como ovelhas sem pastor”. As vítimas da economia global, os que são colocados à margem da sociedade e da vida, os estrangeiros que buscam noutro país condições dignas de vida e são empurrados de um lado para o outro, os doentes que não têm acesso a um sistema de saúde eficiente, os idosos abandonados pela família, as crianças que crescem nas ruas, aqueles que a vida magoou e que ainda não conseguiram sarar as suas feridas, encontram em cada um de nós, discípulos de Jesus, o amor, a bondade e a solicitude de Deus? Que fizemos com essa proposta de vida nova e de libertação que Jesus nos mandou testemunhar diante das “ovelhas sem pastor”?
• A missão dos discípulos não pode ser desligada de Jesus. Os discípulos devem, com frequência, reunir-se à volta de Jesus, dialogar com Ele, escutar os seus ensinamentos, confrontar permanentemente a pregação feita com a proposta de Jesus. Por vezes, os discípulos (verdadeiramente comovidos com a situação das “ovelhas sem pastor”) mergulham num ativismo descontrolado e acabam por perder as referências; deixam de ter tempo e disponibilidade para se encontrarem com Jesus, para confrontarem as suas opções e motivações com o projeto de Jesus… Por vezes, passam a “vender”, como verdade libertadora, soluções que são parciais e que geram dependência e escravidão (e que não vêm de Jesus); outras vezes, tornam-se funcionários eficientes, que resolvem problemas sociais pontuais, mas sem oferecerem às “ovelhas sem pastor” uma libertação verdadeira e global; outras, ainda, cansam-se e abandonam a atividade e o testemunho… Jesus é que dá sentido à missão do discípulo e que permite ao discípulo, tantas vezes fatigado e desanimado, voltar a descobrir o sentido das coisas e renovar o se empenho.
• A comoção de Jesus diante das “ovelhas sem pastor” é sinal da sua preocupação e do seu amor. Revela a sua sensibilidade e manifesta a sua solidariedade para com todos os sofredores. A comoção de Jesus convida-nos a sermos sensíveis às dores e necessidades dos nossos irmãos. Todo o homem é nosso irmão e tem direito a esperar de nós um gesto de bondade e de acolhimento. Não podemos ficar no nosso canto, comodamente instalados, com a consciência em paz (porque até já fomos à missa e rezamos as orações que a Igreja manda), a ver o nosso irmão a sofrer. O nosso coração tem de doer, a nossa consciência tem de questionar-nos, quando vimos um homem ou uma mulher (nem que seja um desconhecido, nem que seja um estrangeiro) ser magoado, explorado, ofendido, marginalizado, privado dos seus direitos e da sua dignidade. Um cristão é alguém que tem de sentir como seus os sofrimentos do irmão.